segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Rio Grande: debate sobre o plurilinguismo nas escolas

Nos últimos dias 8, 9 e 10 de novembro, no anfiteatro do IFRS de Rio Grande, aconteceu a VII Jornada de Elaboração de Materiais, Tecnologia e Aprendizagem de Línguas (JETAL), evento que anualmente reúne grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, vinculados às Universidades Católica de Pelotas, Federal de Pelotas, Federal de Santa Maria e, desde 2016, IFRS Câmpus Rio Grande. 

A jornada, tradicionalmente com foco nas tecnologias digitais para o ensino de línguas, neste ano de 2017, abriu espaço para o tema dos Letramentos Críticos, inserido na área da Linguística Aplicada Crítica. Neste espírito, os nossos colegas Angelise Fagundes (UFFS) e Marcus Fontana (UFSM), acompanhados pelas acadêmicas Adriane Stelter e Elisandra Schwarzbold, da Licenciatura em Língua Espanhola da UFSM, apresentaram a comunicação intitulada "BRASÍLIA ME MANDOU CALAR: a política de apagamento da pluralidade linguística nas escolas públicas do Brasil". Ao longo de sua fala, os pesquisadores demonstraram os graves retrocessos advindos da aprovação da Lei 13.415/2017, a chamada Lei do Novo Ensino Médio, sobretudo no campo das línguas, em virtude da imposição do inglês como única língua obrigatória no currículo, da revogação da Lei 11.161/2005, que garantia a oferta do espanhol, e as modificações da LDB, que excluem as reflexões sobre o plurilinguismo na escola, promovendo um verdadeiro apagamento das línguas de herança e das línguas indígenas, entre outras.

Em sua apresentação, os pesquisadores denunciaram que essas mudanças afetam sobretudo a escola pública, uma vez que em vários lugares do país, professores de espanhol, por exemplo, estão tendo sua carga-horária reduzida ou eliminada e sendo obrigados a ministrar inglês, artes ou religião, mesmo sem a formação específica para isso, enquanto as escolas privadas apresentam uma tendência a manter as disciplinas de língua, em prol de uma formação mais ampla e profunda para seus alunos. Isso, conforme os dados apresentados, tende a ampliar ainda mais o abismo que separa as escolas públicas e privadas, mais uma vez prejudicando a população mais pobre do país.


Apresentação do grupo de pesquisa. (foto: Marianna Soares)

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