quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Manifesto de Fortaleza

Nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2017, realizou-se no Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará, o IV Colóquio do GEPPELE (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Práticas de Ensino de Formação de Professores de Língua Espanhola), cujo tema foi “Caminhos para a consolidação da formação de professores e do ensino de espanhol no Brasil”. O evento teve como principal objetivo dar visibilidade à produção científica e às atividades de ensino voltadas para a Língua Espanhola no Brasil. Contou com cerca de 150 participantes inscritos e pesquisadores de diversas regiões, que, durante os dias de sua realização, debateram o papel da consolidação do ensino e da formação de professores de espanhol no país.

Nesse contexto, foram destacadas as principais consequências para a área de espanhol decorrentes da sanção da Lei federal 13.415/17 que, entre outras medidas, revoga a Lei 11.161/05. Ressaltamos as repercussões negativas mais evidentes já provocadas pelo texto legal de 2017:
- desvirtuamento dos objetivos centrais estabelecidos pela LDB para a Educação Básica; 
- comprometimento da formação dos alunos da Educação Básica;
- inevitável esvaziamento dos cursos superiores de formação de professores de espanhol (Licenciatura); 
- redução drástica das oportunidades de trabalho para os professores de espanhol (inclusive, ocorrem demissões em grande escala em todo o país); 
- exclusão do espanhol do edital do PNLD 2020 para os anos finais do Ensino Fundamental; 
- demissões de muitos profissionais da área editorial dedicados à publicação de livros e demais materiais didáticos de espanhol (editores, revisores, diagramadores etc.). 

A lei 13.415/17 contraria as políticas universitárias recentes, especialmente no âmbito federal, que incluem o projeto REUNI, que garantiu investimentos na expansão de vagas nas instituições federais para a formação de professores e o aumento do corpo docente nas licenciaturas, por meio de concursos. Com a retirada do espanhol da Educação Básica, todo o esforço prévio para ampliação do quadro docente bem como dos recursos humanos formados decorrentes da ampliação das vagas torna-se vão, frustrando a expectativa de professores e estudantes interessados nas oportunidades que o estudo da língua espanhola pode oferecer.

Evidencia-se, dessa forma, que a mencionada Lei 13.415/17 significa um retrocesso imenso nas políticas linguísticas brasileiras, que, nos últimos anos, deram importantes passos em direção a uma perspectiva de ensino plurilíngue na Educação Básica, além de desconsiderar as políticas de reciprocidade previstas pelo Tratado de Assunção e a integração da América Latina, conforme estipulado na Constituição Federal Brasileira.

Desse modo, nós professores abaixo-assinados, conclamamos todos os envolvidos com o ensino do espanhol no Brasil a reivindicar, junto ao poder público, a revisão da retirada do ensino da língua espanhola da Educação Básica. Entendemos que o ensino multilíngue e inclusivo, do ponto de vista social, é fundamental para atender as demandas do mundo atual, conectado e multicultural, cujas dinâmicas sociais e laborais exigem dos sujeitos a capacidade de comunicação com o outro na construção de uma sociedade mais tolerante e integrada.

Nesse sentido, juntamo-nos às iniciativas de estados como Roraima, Ceará e demais estados e municípios que estão trabalhando e assegurando a permanência do ensino do espanhol nas suas redes de ensino, por compreenderem a sua importância para uma formação cidadã e atualizada com as necessidades sociais do mundo em que vivemos.

Assinamos

Antônio Ferreira da Silva Júnior (CEFET – RJ)
Carlos Felipe da Conceição Pinto (Universidade Federal da Bahia)
Cícero Anastácio Araújo de Miranda (Universidade Federal do Ceará)
Eliana Rosa Sturza (Universidade Federal de Santa Maria)
Elzimar Goettenauer de Marins Costa (Universidade Federal de Minas Gerais)
Isabel Gretel Maria Eres Fernandez (Universidade de São Paulo)
Juan Pablo Martin Rodrigues (Universidade Federal de Pernambuco)
Monica Ferreira Mayrink O’Kuinghttons (Universidade de São Paulo)
Paula Carlino (Universidade de Buenos Aires)
Shirley de Sousa Pereira (Universidade Federal de Pernambuco)

sábado, 2 de dezembro de 2017

Câmara aprova Projeto de lei de iniciativa popular que oficializou a língua espanhola na rede de ensino


Em ato inédito na história política de Areial um projeto de Lei de iniciativa popular é levado à Câmara de Vereadores. O Projeto de Lei nº 017 apresentado pelo Professor Jair Ibiapino que encabeçou um movimento envolvendo alunos, amigos e parceiros para arrecadar a quantidade devida de assinaturas (5% do eleitorado) para assim levar ao plenário da Câmara projeto de inclusão da língua espanhola na rede municipal de ensino.

A Sessão Ordinária desta segunda (25) contou com as presenças do Prefeito Adelson, Vice Josivan, Professores, Alunos, Secretários municipais e outras pessoas que apóiam a iniciativa e após parecer favorável das Comissões da Câmara, o Presidente Ronaldo colocou o projeto em discussão sendo defendido inicialmente na tribuna pelo Chefe de Gabinete Carlos Henrique, seguido de Diego Sales Secretário Adjunto de Educação e do Professor Huerto Luna.


Jair Ibiapino idealizador do Projeto agradeceu o apoio e falou da importância da língua espanhola e do conhecimento que as pessoas precisam ter em duas línguas estrangeiras sendo as principais Inglês e Espanhol. Contou da experiência da viagem ao México onde de lá surgiu a idéia de incluir oficialmente a língua espanhola no ensino de Areial.

Todos os vereadores falaram da importância desse projeto e elogiaram o ato de partir de uma iniciativa popular. O projeto foi aprovado por unanimidade.

No mundo:

A língua espanhola hoje é considerada a terceira língua mais falada no mundo e não se limita apenas aos falantes de língua materna, que já ultrapassa os 300 milhões de pessoas. Esse número cresce a cada ano pela quantidade de indivíduos que aprendem o idioma como uma língua estrangeira.

O inglês sustenta o primeiro lugar, seguido do mandarim, falado na China, que permanece em segundo lugar devido à quantidade de habitantes deste país, porém o espanhol se destaca no mundo comercial, principalmente na comunidade europeia, onde junto com o inglês são as línguas mais utilizadas. Outro dado interessante é que vem alcançando um número considerável de internautas, sendo atualmente a terceira língua mais utilizada na internet.

Com essa Lei na grade curricular de ensino municipal além da língua inglesa terá a disciplina de língua espanhola.

Confira o projeto de Lei



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Rio Grande: debate sobre o plurilinguismo nas escolas

Nos últimos dias 8, 9 e 10 de novembro, no anfiteatro do IFRS de Rio Grande, aconteceu a VII Jornada de Elaboração de Materiais, Tecnologia e Aprendizagem de Línguas (JETAL), evento que anualmente reúne grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, vinculados às Universidades Católica de Pelotas, Federal de Pelotas, Federal de Santa Maria e, desde 2016, IFRS Câmpus Rio Grande. 

A jornada, tradicionalmente com foco nas tecnologias digitais para o ensino de línguas, neste ano de 2017, abriu espaço para o tema dos Letramentos Críticos, inserido na área da Linguística Aplicada Crítica. Neste espírito, os nossos colegas Angelise Fagundes (UFFS) e Marcus Fontana (UFSM), acompanhados pelas acadêmicas Adriane Stelter e Elisandra Schwarzbold, da Licenciatura em Língua Espanhola da UFSM, apresentaram a comunicação intitulada "BRASÍLIA ME MANDOU CALAR: a política de apagamento da pluralidade linguística nas escolas públicas do Brasil". Ao longo de sua fala, os pesquisadores demonstraram os graves retrocessos advindos da aprovação da Lei 13.415/2017, a chamada Lei do Novo Ensino Médio, sobretudo no campo das línguas, em virtude da imposição do inglês como única língua obrigatória no currículo, da revogação da Lei 11.161/2005, que garantia a oferta do espanhol, e as modificações da LDB, que excluem as reflexões sobre o plurilinguismo na escola, promovendo um verdadeiro apagamento das línguas de herança e das línguas indígenas, entre outras.

Em sua apresentação, os pesquisadores denunciaram que essas mudanças afetam sobretudo a escola pública, uma vez que em vários lugares do país, professores de espanhol, por exemplo, estão tendo sua carga-horária reduzida ou eliminada e sendo obrigados a ministrar inglês, artes ou religião, mesmo sem a formação específica para isso, enquanto as escolas privadas apresentam uma tendência a manter as disciplinas de língua, em prol de uma formação mais ampla e profunda para seus alunos. Isso, conforme os dados apresentados, tende a ampliar ainda mais o abismo que separa as escolas públicas e privadas, mais uma vez prejudicando a população mais pobre do país.


Apresentação do grupo de pesquisa. (foto: Marianna Soares)

Pelotas - um município que valoriza a língua espanhola

Conversamos por e-mail com a Profa. Lucélia Gonzáles Seus, atual Supervisora de Ensino da Secretaria de Educação e Desporto do Município de Pelotas/RS. Ela nos deu informações pontuais sobre a atual situação do município em relação à língua espanhola, demonstrando que se pode fazer a diferença para melhor.


Cara colega Lucélia,

gostaria de contar contigo no sentido de me enviar informações que acredites possa nos ajudar a entender a situação do espanhol na rede municipal de Pelotas. Para isso, envio abaixo  algumas questões que nos  preocupam atualmente.


1) Que escolas têm o espanhol na grade curricular?
Referente às escolas que possuem a disciplina de espanhol, são as seguintes: E.M.E.F. Afonso Vizeu, E.M.E.F. Almirante Saldanha da Gama, E.M.E.F. Antônio Joaquim Dias, E.M.E.F. Antônio Ronna, E.M.E.F. Carlos Laquintinie, E.M.E.F. Cecília Meireles, E.M.E.F. Círculo Operário Pelotense, Colégio Pelotense, E.M.E.F. D. Francisco Campos Barreto, E.M.E.F. Dona Mariana Eufrásia, E.M.E.F. Dr. Joaquim Assumpção, E.M.E.F. Dr. Mário Meneghetti, E.M.E.F. Frederico Ozanan, E.M.E.F. Jacob Brod, E.M.E.F. Jeremias Fróes, E.M.E.F. Joaquim Nabuco, E.M.E.F. Jornalista Deogar Soares, E.M.E.F. Luiz Augusto Assumpção, E.M.E.F. Ministro Fernando Osório, E.M.E.F. N. Sra. das Dores, E.M.E.F. Osvaldo Cruz, E.M.E.F. Piratinino de Almeida, E.M.E.F. Santa Irene, Santa Terezinha, E.M.E.F. Berchon, E.M.E.F. Waldemar Denzer.

Obs.: Estamos com escolas participando do Clube de Línguas (envolvendo Francês, Alemão e Espanhol), neste caso, uma escola rural que oferece no currículo inglês, está com o projeto, no turno inverso, com a disciplina de espanhol, no segundo semestre deste ano, E.M.E.F. Raphael Brusque.

2) Quais os níveis?
Os níveis variam de uma escola para outra, pois em algumas começa a partir da educação infantil, outras iniciam nos anos iniciais e, também, temos aquelas que possuem a disciplina somente nos anos finais.

3) Houve mudança coma reforma do ensino médio?
Referente ao ensino médio, temos apenas no Colégio Pelotense; existe uma comissão realizando estudos referente ao assunto, nessa escola e na SMED.

4) O município mudou alguma coisa nos últimos anos?
Não tivemos alterações no município referente à disciplina em questão.

5) Há falta de professores?
Não temos falta de professores.

6) Há professores sobrando?
Não temos sobra de professores.

7) Em desvio de função (dando aula de espanhol quem não é formado, ou professores de espanhol ensinando outra coisa e não a LE)?
Não temos professores de espanhol em desvio de função.

Publicado com autorização da Profa. Lucélia Seus.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Convocatoria aprobada por la Asamblea General en el XVIII Congreso Internacional de ALFAL

CONVOCATÓRIA


Por uma ciência e educação superior pública, gratuita, crítica, humanista e
intercultural, baseada em modelos plurilíngues de investigação e docência

Na academia latino-americana aumenta a preocupação com determinados processos de reestruturação das Ciências e da Educação Superior que incluem os seguintes fenômenos:

1. a crescente expansão do inglês e o deslocamento de outras línguas, como o espanhol e o português, de áreas estratégicas do campo das Ciências e da Educação Superior, e
2. a imposição progressiva de sistemas de avaliação, hierarquização e exclusão pertencentes a um modelo empresarial de gestão universitária, alheios ao funcionamento das Ciências e da Educação Superior como universidades – públicas ou privadas – orientadas para a investigação e educação crítica, científica, humanista e sem fins lucrativos.

A expansão do inglês se apresenta como um processo neutro e natural, sem atores identificáveis, inevitável e desejável; o inglês aparece como única língua da ciência; qualquer modelo alternativo ao monopólio dessa língua é declarado inviável. Já em 2010, 72% das publicações nas humanidades, 94% nas ciências sociais e mais de 96% nas ciências naturais experimentais aparecia em inglês em revistas internacionais indexadas pela Web of Science e seus índices de citações (Citation Indexes). O espanhol estava presente em 0,24% dos artigos em ciências experimentais e 2.4% em artes e ciências humanas e o português ocupava espaços ainda menores. A hegemonia extrema do inglês no subcampo da circulação científica (publicações, conferências) criou uma crescente pressão pela adoção do inglês como língua de ensino na educação superior, particularmente na pós-graduação; este processo avança com especial rapidez na Europa e Ásia, no entanto já temos seus primeiros indícios também na América Latina.

Atualmente nos encontramos diante de uma disjunção histórica no campo das Ciências e da Educação Superior: consolidar a passagem da atual situação, caracterizada por uma marcante hegemonia do inglês em contexto de um multilinguismo acadêmico reduzido a umas poucas línguas, para um monopólio total do inglês no futuro imediato neste campo; nas publicações em ciências naturais, este processo está praticamente concluído. Ou, em vez disso, reabrir e reforçar o amplo ciclo de desenvolvimento vertiginoso das ciências baseado em um modelo plurilíngue, regionalmente diferenciado, como um de seus componentes constitutivos.

O avanço do inglês está relacionado à imposição de um modelo empresarial de gestão universitária que se baseia nos princípios de eficiência, eficácia e redução de custos e na teoria do capital humano, que transfere o custo da educação universitária aos indivíduos. Como parte deste processo, surgiram novos sistemas de avaliação acadêmica que estabelecem hierarquias (rankings), inclusões e exclusões de universidades, disciplinas, investigadores e revistas. A bibliometria instalou o conceito de “fator de impacto” no centro de seu sistema de avaliação: o valor e a qualidade de um artigo científico são estabelecidos exclusivamente pelo número de citações que alcança na pequena seleção de revistas do “Citation Index”. Esta fundamentação é circular e autorreferencial, e carece de uma base teórica sólida. É incapaz de descrever o valor de um artigo baseado em sua qualidade científica ou em seu impacto real na sociedade. Justifica, além disso, a exclusão de quase todas as publicações que não estejam em inglês. O impressionante é que somente uma empresa multinacional de informação, a Thomson Reuters, controle em grande medida os rankings das publicações científicas no mundo por meio de seus índices de citações e, com este mecanismo, controle igualmente as carreiras e o destino dos investigadores.

Tanto os novos sistemas de gestão e avaliação como o crescente predomínio do inglês distanciam ainda mais as instituições de Ciências e de Educação Superior das sociedades às quais pertencem.

Em síntese, consideramos que os processos observados na transformação do campo das Ciências e da Educação Superior requerem uma revisão crítica da qual participem as comunidades acadêmicas. Em nosso ponto de vista, existem boas razões para não abandonarmos nossas línguas científicas e tampouco nossos sistemas qualitativos de avaliação:

1. A redução da diversidade a apenas uma língua na produção de modelos, temas e estratégias de investigação muito provavelmente conduziria, desde uma perspectiva de sustentabilidade e diversidade, a um empobrecimento perigoso do próprio desenvolvimento científico, das epistemologias e da criatividade, especialmente nas ciências sociais e humanas.
2. A imposição total do inglês reforçaria ainda mais as assimetrias já existentes, tanto no que diz respeito às condições de acesso às ciências internacionais como no que tange à circulação dos resultados das ciências e suas tecnologias. Se tomamos em conta o valor da ciência como meio de produção, essa imposição prejudicaria, em médio e longo prazo, o desenvolvimento da própria economia dos países que abandonaram suas línguas nestes espaços.
3. Os sistemas de avaliação bibliométrica privilegiam claramente as publicações e as universidades que ensinam em inglês ao colocá-las nos primeiros lugares dos rankings, sem qualquer fundamentação qualitativa. Esse deslocamento de nossas comunidades científicas prejudica nosso desenvolvimento, desempenho e independência ao nos subordinar à comunidade hegemônica da Anglofonia.
4. Em consequência da crescente hegemonia do inglês, a academia e os profissionais anglo-saxões têm se tornado cada vez mais monolíngues em sua competência linguística real, porém ainda mais nas ideologias e práticas de seus membros, que já não consideram o que se trabalha e se publica em outras línguas. Estão se transformando em monolíngues funcionais, comparáveis aos analfabetos funcionais. Devido ao seu enorme peso, o monolinguismo praticado pela academia anglo-saxã influencia o resto do mundo, já que o exercício monolíngue constitui uma formidável pressão para que o resto do mundo acadêmico se subordine a suas práticas e adote o monopólio do inglês em sua atuação. 

Na América Latina, como em outras partes do mundo, cresce o mal-estar com a imposição
crescente de sistemas externos de definição, gestão e avaliação nas Ciências e na Educação Superior, aliada ao inglês como única língua científica. Esses modelos se impõem, muitas vezes, de forma sub-reptícia, vertical e sem amplas consultas às comunidades acadêmicas, por meio de nossas instituições governamentais de administração da ciência, tecnologia e ensino superior (Conicet, CNPq, Conacyt, etc.) e das reitorias das universidades.

Propomos iniciar uma revisão crítica e um debate sobre os processos mencionados com o objetivo de avaliar se respondem às necessidades e às melhores estratégias para o desenvolvimento das Ciências e da Educação Superior na América Latina e no resto do mundo, ou se, pelo contrário, prejudicam o desempenho acadêmico crítico de nossas instituições e o subordinam, ainda mais do que no presente, a centros de poder acadêmico externos.

Como acadêmicos latino-americanos, advogamos pelo desenvolvimento de uma investigação científica definida a partir das necessidades de nossos países e de uma educação superior baseada nos princípios e diretrizes da educação pública gratuita, crítica, científica, humanista e intercultural.

Advogamos, também, pela preservação e fortalecimento de modelos plurilíngues de investigação, docência e comunicação científica, baseados em nossas principais línguas de integração latinoamericana, o espanhol e o português, sem nunca fechar as portas às línguas indígenas e de imigração, e pela apropriação vigorosa do inglês e de outras línguas estrangeiras a partir das necessidades e nas modalidades definidas por nossas comunidades científicas, impulsionando a internacionalização da investigação e do ensino. Tudo isto possibilitará fortalecer uma relação com o inglês a partir de uma posição não marcada pela subalternidade.

Fazemos um chamado às instâncias políticas, às instituições governamentais de administração e fomento da ciência e da educação superior e às direções de universidades e de outros centros de investigação para que impulsionem políticas coerentes com os princípios e orientações aqui formulados.

Bogotá, D. C., Colômbia, 27 de julho de 2017.

ALFAL http://www.mundoalfal.org/
Contato: política.lenguaje.alfal@gmail.com  

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Estudantes do ensino médio de Alagoas estão sem aulas de Espanhol

Após reforma do ensino médio, disciplina foi cortada do currículo escolar; professores foram remanejados para outras funções

Estudantes estão sem aulas da disciplina Espanhol após reforma do ensino médio

Professores da língua espanhola da rede estadual de ensino questionam o Governo de Alagoas sobre a retirada das aulas de Espanhol da grade curricular. Eles alegam que foram prejudicadas com a medida adotada pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), após o Governo Federal sancionar a lei que obriga as escolas a ofertarem apenas a língua inglesa, durante a reforma do ensino médio.  

A vice-presidente da Associação de Professores de Espanhol do Estado de Alagoas (APEEAL), a professora Eronilma Barbosa, em entrevista à Rádio Maceió, informou que os professores e alunos estão lutando para que a disciplina volte ao currículo escolar do ensino médio. 
De acordo com a professora, no dia 17 de fevereiro de 2017 foi sancionada a Lei 13.415, que revogou a Lei do Espanhol, Lei 11.161, de 05 de agosto de 2005, sancionada pelo Presidente Lula e que favoreceu o ensino da língua espanhola em Alagoas, no Brasil. 
"O ensino da língua espanhola no estado de Alagoas é de extrema importância, assim como em todo o Nordeste. Dados oficiais da Secretaria de Turismo do Estado de Alagoas mostram que 66% dos turistas que chegam ao estado são de origem Hispânica, ou seja, falam Espanhol como língua materna".
A vice-presidente da APEEAL destaca ainda que o problema não afeta apenas os professores e alunos do ensino médio. "Afeta as universidades, o curso de Letras. Para que formar professores de Espanhol se estão tirando da grade curricular. Além disso, outro dado importante é que 71% dos alunos que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Nordeste escolhem o Espanhol como língua estrangeira. Retirando o Espanhol do ensino médio, estamos retirando a porta de entrada dos alunos da escola pública para a universidade". 
A professora Ana Oliveira conta que passou três anos lecionando Espanhol em uma escola do interior do estado. "Eu fui destinada à coordenação de uma escola grande, sem preparação nenhuma. Uma professora com formação em línguas foi colocada para a coordenação da escola". 
O ministro da Educação, Mendonça Filho, durante solenidade no Palácio República dos Palmares na tarde desta quinta-feira (8), afirmou que cabe às secretaria de educação de cada estado ofertar, além da língua inglesa, a língua espanhola como opção do segundo idioma.
"A solução é o encaminhamento sobre esses alunos que estão sem aula de Espanhol deve ser dada pela Secretaria Estadual de Educação. Que a rigor, não há nenhuma proibição de oferta de alguma língua estrangeira. A reforma do Ensino Médio ainda está em processo de implementação e isso depende ainda da viabilização da Base Nacional Comum Curricular que ela está sendo finalizada para ser entregue ao CNE no final deste ano", explicou o ministro da Educação. 

A vice-presidente da APEEAL informou que os professores já tentaram contato com a Seduc diversas vezes, mas nenhum posicionamento foi dado. Os professores organizam uma manifestação para a próxima terça-feira (13), na Assembleia Legislativa de Alagoas. 
(Extraído de: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia/2017/06/estudantes-do-ensino-medio-de-alagoas-estao-sem-aulas-de-espanhol-_34791.php)

Rede estadual de ensino mantém espanhol na grade curricular

Secretaria da Educação garantiu manutenção e apoio aos professores em sala de aula



Secretária executiva de Educação Laura Souza garantiu manutenção e criação de centros de língua espanhola em polos regionais do Estado (Foto: Valdir Rocha/Seduc)


Mesmo reconhecendo a prioridade da obrigatoriedade da língua inglesa, conforme preconiza a Lei Federal 13.415, a secretária executiva de educação de Alagoas, Laura Souza, confirmou a manutenção da oferta do Espanhol em todas as unidades de ensino integral, com duas horas semanais com a manutenção em sala de aula de todos os professores efetivos da disciplina, além da disponibilidade de oferta por meio de centros de línguas em regiões polo.
Ontem (3) durante uma reunião com representantes da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), da Faculdade e do Curso de Letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Associação de Professores de Espanhol de Alagoas (Apeeal), para tratar da continuidade da oferta da língua espanhola na rede pública estadual, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), informou que a manutenção da oferta do espanhol na rede estadual continuará.
“Todos os professores efetivos de língua espanhola serão mantidos em sala de aula e em nenhum momento houve orientação divergente desta”, garantiu secretária executiva da Seduc, Laura Souza.
A secretária disse ainda que também haverá o atendimento nas escolas localizadas em regiões turísticas do Estado. “Do ponto de vista da gestão, precisamos de uma readequação e é nisto que temos trabalhado. Mas como já havíamos afirmado anteriormente, todos os professores efetivos de língua espanhola serão mantidos em sala de aula. Todas as escolas que já têm professor efetivo continuam. Em nenhum momento houve orientação divergente desta. Além disto, até o final do ano, pretendemos estar com os centros de língua funcionando, garantindo esta qualificação, inclusive com certificação, aos estudantes”, ressaltou Laura.
O grupo de professores que participou da reunião propôs uma parceria no diálogo constante e na formação de professores de espanhol da rede, além do apoio dos centros de idiomas a partir da elaboração da proposta técnico-pedagógica e formação dos quadros técnicos, planejamento e monitoramento.
“Muito importante este movimento da escuta, uma reunião para conciliar interesses e garantir que o espanhol mantenha seu lugar, visando principalmente o estudante e o aprendizado da língua”, destacou Sandra Regina Paz, pró-reitora de Graduação da Ufal.
A reunião foi solicitada pelos professores da Apeeal após a sanção da lei que tornou o ensino do espanhol facultativo.
Segundo a professora e vice-presidente da entidade, Eronilma Barbosa, no dia 17 de fevereiro de 2017 a lei foi sancionada revogando a Lei do Espanhol, Lei 11.161, de 05 de agosto de 2005, sancionada pelo presidente Lula e que favorecia o ensino da língua espanhola no Brasil. (Com assessoria).
Após medida, professores iniciam mobilização para garantir ensino
Desde a Lei 13.415 que tornou o ensino da língua espanhola facultativo nas escolas da rede pública estadual, os professores de espanhol de Alagoas iniciaram uma batalha em defesa da manutenção do ensino da língua nas escolas do estado.
A vice-presidente da Apeeal, a professora Eronilma Barbosa, informou que os professores e alunos estão lutando para que a disciplina volte ao currículo escolar do ensino médio.
“O ensino da língua espanhola no Estado de Alagoas é de extrema importância, assim como em todo o Nordeste. Dados oficiais da Secretaria de Turismo do Estado de Alagoas mostram que 66% dos turistas que chegam ao Estado são de origem hispânica, ou seja, falam espanhol como língua materna, então precisamos capacitar nossos alunos para o mercado de trabalho e progredir com o ensino” ressaltou Eronilma.
A vice-presidente destacou que o problema não iria afetar apenas os professores e alunos do ensino médio. “Afeta as universidades, o curso de Letras. Para que formar professores de Espanhol se estão tirando da grade curricular. Além disso, outro dado importante é que 71% dos alunos que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Nordeste escolhem o Espanhol como língua estrangeira. Retirando o Espanhol do ensino médio, estamos retirando a porta de entrada dos alunos da escola pública para a universidade”.
Vários deputados alagoanos defenderam a manutenção do espanhol na grade curricular da rede pública de ensino.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, durante solenidade no Palácio República dos Palmares no último dia (8), afirmou que cabe as secretaria de educação de cada estado ofertar, além da língua inglesa, a língua espanhola como opção do segundo idioma.
“A solução é o encaminhamento sobre esses alunos que estão sem aula de espanhol deve ser dada pela Secretaria Estadual de Educação. Que a rigor, não há nenhuma proibição de oferta de alguma língua estrangeira. A reforma do ensino médio ainda está em processo de implementação e isso depende ainda da viabilização da Base Nacional Comum Curricular que ela está sendo finalizada para ser entregue ao CNE no final deste ano”, explicou o ministro da Educação.
TURISMO
O presidente do Sindicato dos Guias de Turismo do Estado de Alagoas (Singtur/Al), Henrique Dantas diz que, se de fato a língua não for mais oferecida nas escolas, o setor do turismo também pode ser prejudicado.
“Já somos deficientes em relação à questão do ensino de línguas. O Estado recebe muitos turistas estrangeiros e o profissional que tenha esse diferencial iria atender melhor as necessidades dos visitantes. Não afirmo o quanto pode prejudicar agora. Mas, com com certeza haveria prejuízos”, disse Dantas.
Estudantes criticam lei do governo Temer e dizem ser um retrocesso
A estudante Mariana Aguiar que se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e optou, como língua estrangeira, para o espanhol. Ela disse que a decisão do governo é uma falta de respeito com os alunos.
“É como se nós não tivéssemos o direito de estudar outra língua, como a espanhola. Em relação ao Enem, há muito tempo vinha criticando isso. Pois, não estudei em escolas particulares para ter ensino dessa matéria. Na escola ultimamente só ensinava português e inglês. Mas, vou arriscar a opção espanhol por achar mais fácil que o inglês”, comentou a estudante.
Jamyla Fidélis também optou pelo espanhol e disse que a medida do Governo é arbitrária e será horrível tanto para quem está estudando e se preparando para o exame, quanto para os alunos que irão entrar no ensino médio que não terão outra opção se não optar por cursinhos de línguas.
O universitário Edilson Ribeiro, que também irá fazer o Enem mais uma vez, avaliou como um retrocesso a medida.
“Foi um retrocesso para a educação, pois se analisarmos essa medida vamos perceber que foi uma medida tomada de cima para baixo sem nenhum contato com os alunos, fazendo com que estes sejam prejudicados. Pois uma grande porcentagem desses alunos na hora de escolher a língua estrangeira para a realização do Enem, escolhem o espanhol, talvez por ser uma língua mais parecida com o português. Acho que tal medida teria que ser discutida entre alunos, professores e governo, e assim encontrar no diálogo a melhor alternativa para educação brasileira”, comentou.
A estudante Crislayne Cavalcante que irá fazer o exame pela primeira vez diz que educação precisa melhorar e presidente voltar atrás dessa medida.
“Acho que seria muito prejudicial à educação na formação de estudantes que estão se preparando para o Enem e outros concursos, por ser uma língua mais fácil de ser interpretada é a que mais é escolhida nesses concursos. O governo Temer deveria deveria mudar de ideia em relação a isto, pois garanto que toda a sociedade iria querer se aprofundar e poder crescer, aumentando a chance de mais pessoas serem aprovadas e, então, arrumar empregos melhores”, expôs.
(Extraído de:http://www.tribunahoje.com/noticia/214790/educacao/2017/07/04/rede-estadual-de-ensino-mantem-espanhol-na-grade-curricular.html)