quinta-feira, 26 de abril de 2018

Vereadores de Bagé enviam moção de apoio ao espanhol

A Câmara de Vereadores, em sua reunião plenária do dia 24 de abril, aprovou moção de apoio a ser encaminhada à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS, que defende a permanência do espanhol como disciplina nas escolas no estado do Rio Grande do Sul.



Pelotas aprova por unanimidade moção de apoio ao FicaEspanhol

A Câmara de Vereadores de Pelotas aprovou por unanimidade no dia 25 de abril uma moção de apoio à luta pela permanência da oferta obrigatória com matrícula facultativa de espanhol nas escolas da rede pública no estado do RS. (Veja os dados.).






O texto completo da moção encontra-se em:

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Câmara de Jaguarão pede apoio à Comissão de Educação

Os vereadores do município de Jaguarão deram um importante passo propondo uma lei municipal que garanta o espanhol nas escolas do município (leia aqui). Também escreveram à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa manifestando todo seu apoio para a permanência do espanhol, com uma moção de apoio à PEC apresentada pela Comissão.


Jaguarão propõe a inclusão do espanhol no ensino fundamental

A Câmara de Vereadores dá mais  um passo para a melhoria da educação no município de Jaguarão.


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Professores pedem apoio para manutenção da língua espanhola no ensino médio



Na reunião da Comissão de Educação desta quinta-feira (19), os professores universitários da área de espanhol Adriele Dias, Carolina Alves, Marcus Fontana e Angelise Fagundes da Silva solicitaram auxílio dos vereadores. Os docentes solicitaram aos vereadores a elaboração de uma moção de apoio a ser encaminhada à Assembleia Legislativa, onde tramita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 270/2018), que retoma a obrigatoriedade do ensino de espanhol no ensino Médio no Rio Grande do Sul.  A PEC 270 está em análise na Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento gaúcho. Os professores informaram à Comissão que, com a lei da reforma do ensino médio, a língua espanhola passou a não ser obrigatória nas Escolas e, nesse cenário, há a necessidade de mobilização para que o idioma volte a ser ensinado nas instituições de ensino do Estado.

 A Comissão de Educação irá elaborar uma moção de apoio à demanda dos professores, a qual posteriormente será votada em plenário. Além disso, na sessão ordinária do dia 8 de maio, os docentes irão utilizar a tribuna livre para expor as demandas.

Participaram da reunião os vereadores Jorge Trindade (presidente), João Kaus, André Domingues, Professora Luci Tia da Moto, Manoel Badke e Professora Celita da Silva.
 
 
Texto: Clarissa Lovatto Barros
Fotos: Fabricio Vargas



(Extraído de http://www.camara-sm.rs.gov.br/camara/conteudo/publicacoes/Noticias/1/2018/6236)

Um vídeo para os gaúchos raíz

Para o povo gaúcho que ama suas raízes.

 

terça-feira, 17 de abril de 2018

Petição pública #FicaEspanhol

Por que isto é importante

Após o governo Temer aprovar a "Lei do Novo Ensino Médio", a língua espanhola foi retirada do currículo escolar de nossos alunos. Por entender a importância da presença do idioma na rede pública no combate da desigualdade social, no aprimoramento da educação, no fomento da relação com países da América Latina e, sobretudo, no investimento cultural, político e econômico, a deputada Juliana Brizola protocolou Proposta de Emenda à Constituição (PEC 270/2018) para garantir a obrigatoriedade da oferta do Espanhol nas escolas públicas do RS.

Educação não é brincadeira! Apoie nossa luta!


https://secure.avaaz.org/po/petition/Assembleia_Legislativa_do_Rio_Grande_do_Sul_FicaEspanhol/

Moção de apoio da Câmara Municipal de Barra do Quaraí



segunda-feira, 16 de abril de 2018

Ofício do Prefeito de Uruguaiana ao Dep. Frederico Antunes, solicitando apoio e empenho na aprovação da PEC 270/2018. 




Ofício n° 46/2018/GAPRE                   Uruguaiana, 12 de Abril de 2018.


Exmo. Sr.
FREDERICO ANTUNES
Deputado Estadual
Progressistas
Porto Alegre – RS



Senhor Deputado,


                   Ao cumprimentá-lo cordialmente, utilizamo-nos deste para expor a V.S. à preocupação deste Executivo Municipal e da comunidade escolar de Uruguaiana frente às alterações apresentadas pelo novo regramento federal, Lei nº. 13.415/2017, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e revogou a Lei 11.161/2005 instituindo a Base Nacional Comum Curricular, que estabelece a língua inglesa como o idioma estrangeiro obrigatório a ser ensinado na Educação Básica.
                   Uruguaiana, como é de vosso conhecimento, é a principal porta de entrada do turismo e, daqui alguns meses, rota do comércio internacional, pois estará recebendo os investimentos referentes à instalação de free shops que atenderam os visitantes oriundos dos países que conformam o Mercosul.
                    Estamos cientes que o senhor é um dos signatários da PEC nº 270/2018, por este motivo recorremos ao digníssimo Deputado solicitando que se empenhe na aprovação da referida proposta e, consequentemente, pela manutenção do ensino da língua espanhola nas escolas do Rio Grande do Sul, permitindo que os jovens uruguaianenses e gaúchos tenham educação de qualidade e que contemple as especificidades deste Estado.     
                   Cabe informar, que neste momento de profundas mudanças no cenário educacional, também perde relevância o Programa Escolas Interculturais de Fronteira- PEIF-Portaria MEC 798/2012, que segue os princípios da interculturalidade e do bilinguismo. Tendo em nosso município a escola pioneira na implantação no Brasil deste programa e que representou e ainda representa um diferencial na educação de nossos jovens e na promoção da integração regional e de uma cultura de paz.
                   Diante deste panorama, salientamos a necessidade da manutenção, tanto do ensino da língua espanhola no nosso Estado como do programa supra, para os quais requeremos vosso apoio.
                   Sendo o que tínhamos para o momento, e certos de vossa atenção, despedimo-nos com votos de elevada consideração, permanecendo a disposição para demais esclarecimentos que se fizerem necessários.
Atenciosamente,


  
Lyz Glei da Silva                                                               
Professora da rede municipal                             
Ex Coordenadora do Programa Escolas Interculturais de Fronteira
Vice-presidente do CACS - FUNDEB



  

Ronnie Peterson Colpo Mello,
Prefeito Municipal.

Vídeo didático explica por que o espanhol deve ficar

Vídeo para entender o que nos levou a luta atual pela permanência da oferta do espanhol em nosso estado, explicando a história do espanhol nas escolas brasileiras e o que aconteceu após a reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017).

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Manifesto de preocupação pela retirada do espanhol

Recebido por email:



Estimados colegas,

Segue abaixo a carta do Núcleo Disciplinário PELSE - Português e Espanhol Línguas Segundas e Estrangeiras (AUGM) ao Presidente da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM),  Dr. Waldo Albarracín Sánchez, que reúne 32 universidades sul-americanas, expressando a preocupação do grupo com o desmonte das políticas linguísticas importantes para a integração regional que vem ocorrendo no atual governo brasileiro, nomeadamente a retirada da obrigatoriedade da oferta do espanhol nas escolas secundárias brasileiras e agora a suspensão da aplicação prevista do exame de proficiência em português CELPE-BRAS, com prejuízo da política de internacionalização das universidades brasileiras e muito especialmente dos candidatos aos Programas PEC-G - Programa de Estudantes Convênio de Graduação e PEC-PG - Programa de Estudantes Convênio de Pós-Graduação.

Peço a sua atenção ao documento e a sua máxima divulgação.
Link do documento: 



Com um cordial abraço

Prof. Gilvan M de Oliveira
Representante do Núcleo PELSE na UFSC
Cátedra UNESCO Políticas Linguísticas para o Multilinguismo


Reunião da Comissão do Mercosul do RS


Comissão Mista Permanente do Mercosul e Assuntos Internacionais

AGENDA
Reunião Ordinária

Data: 11/04/2018
Hora: 11:00
Local: Sala Dr Maurício Cardoso, 4º Andar


I - APROVAÇÃO DA(S) ATA(S) ANTERIOR(ES)

- Aprovação da Ata nº 02, referente a Reunião Ordinária de 14/03/2018, ressalvando aos parlamentares o direito de retificá-las por escrito, se assim desejarem.


II - LEITURA DO EXPEDIENTE

a) Correspondência recebida

- Memorandos com as justificativas de ausência dos parlamentares, na reunião ordinária realizada em 14 de março: deputados João Fischer, Juliano Roso, Gilberto Capoani, Lisiane Bayer, Luís Augusto Lara, Luiz Fernando Mainardi, Nelsinho Metalúrgico e Zilá Breitenbach.

- Memorando do Departamento de Comissões Parlamentares, em 27 de março, informando alteração solicitada pela Coordenadoria da Bancada do PP. O deputado Pedro Westphalen passa a integrar a suplencia da CMAI, na vaga deixada pelo deputado Marcel Van Hattem.

- Carta "Pedindo a Manutenção da Oferta Obrigatória do Espanhol no Estado do Rio Grande do Sul", encaminhado pelos docentes da área de Espanhol de universidades Federais e Institutos Federais atuantes no Rio Grande do Sul - FURG / IFRS / IFSUL / UFFS / UFPEL / UFRGS / UFSM / UNIPAMPA.

- E-mail do Departamento de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais - Núcleo Fronteira, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia - SDECT, convidando para reunião em Bagé, dia 19 de abril, para tratar sobre o fornecimento de água Uruguaia na Vila da Serrilhada em Bagé e Dom Pedrito.

- E-mail do Departamento de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia - SDECT, sobre a integração da Assembleia Legislativa e da Comissão do Mercosul ao X Congresso Internacional das Rotas de Integração da América do Sul promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Chile (CCIBC) e o Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (CRIAS), juntamente com o Governo do Estado, que será realizado em Porto Alegre-RS, nos dias 06, 07 e 08 de junho de 2018.


III - CONHECIMENTO DE MATÉRIAS DA ALÇADA DA COMISSÃO

- Participação no Evento SUMMIT OF THE AMERICAS 2018, em março, nos EUA, realizado pela ASUTIL - Asociación Sudamericana de Tiendas Libres, de Montevideo - Uruguay e pela IAADFS - International Association of Airport and Duty Free Stores, Washington, DC - USA, onde o Presidente da CMAI proferiu palestra sobre a implantação dos free shops no Brasil. ALRS - CMPMAI 11/04/2018 15:11:32 Página 1 de 3

- Participação da Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais em evento simultâneo da 22º Conferência da UNALE;

- Informação sobre novas rotas aéreas para os países do Mercosul.

- Relato sobre a Implementação dos Free Shops nas Cidades Gêmeas e avaliação das reuniões realizadas em Itaqui, Quarai e Barra do Quaraí.


IV - ORDEM DO DIA


V - ASSUNTOS GERAIS


Palácio Farroupilha, 06 de abril de 2018.


Deputado(a) Frederico Antunes,
Presidente da Comissão.



Presidente Deputado(a) Frederico Antunes - PP
Vice-Presidente Deputado(a) João Fischer - PP


Titulares
Deputado(a) Luiz Fernando Mainardi PT
Deputado(a) Nelsinho Metalúrgico PT
Deputado(a) Álvaro Boessio PMDB
Deputado(a) Gilberto Capoani PMDB
Deputado(a) Ciro Simoni PDT
Deputado(a) Gilmar Sossella PDT
Deputado(a) Luís Augusto Lara PTB
Deputado(a) Zilá Breitenbach PSDB
Deputado(a) Liziane Bayer PSB
Deputado(a) Juliano Roso PCdoB


Suplentes
Deputado(a) Jeferson Fernandes PT
Deputado(a) Stela Farias PT
Deputado(a) Edson Brum PMDB
Deputado(a) Gabriel Souza PMDB
Deputado(a) Eduardo Loureiro PDT
Deputado(a) Enio Bacci PDT
Deputado(a) Pedro Westphalen PP
Deputado(a) Sérgio Turra PP
Deputado(a) Aloísio Classmann PTB
Deputado(a) Lucas Redecker PSDB
Deputado(a) Elton Weber PSB
Deputado(a) Manuela d´Ávila PCdoB


* Suplentes, respeitando o disposto no Art. 55 §1º, do RI.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Conversa alusiva ao movimento contra a retirada da obrigatoriedade da disciplina de Espanhol das escolas com os alunos da UFSM


No dia 20 de março, o DAL - Aos Que Virão realizou uma conversa alusiva ao movimento contra a retirada da obrigatoriedade da disciplina de Espanhol das escolas. A conversa foi coordenada pelos professores Marcus Fontana (DLEM - UFSM) e Angelise Fagundes (UFFS). Estavam presentem também as professoras da UFSM Vanessa Ribas Fialho, Eliana Sturza e Carolina Fernandes Alves Pastoriza.   



sexta-feira, 6 de abril de 2018

PEDIDO DE MANUTENÇÃO DA OFERTA OBRIGATÓRIA DO ESPANHOL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL




Excelentíssimos Senhores Deputados da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (CECDCT)

Como docentes da Área de Espanhol de Universidades Federais e Institutos Federais atuantes no Estado do Rio Grande do Sul, apoiados por nossas instituições de ensino, professores em formação, professores em serviço e comunidade em geral de nossas respectivas regiões, gostaríamos de manifestar, em primeiro lugar, nosso agradecimento a esta Casa Legislativa que, generosamente, nos acolhe e acolhe as propostas que visam ao desenvolvimento e à qualidade da Educação Pública no nosso Estado.

Isto posto, esclarecemos que nossa intenção, com o presente documento, em virtude das recentes mudanças na legislação federal que revogaram a obrigatoriedade da oferta de espanhol no Ensino Médio, é apresentar os fatos históricos e os argumentos tendentes a uma reflexão sobre a importância da manutenção do ensino de língua espanhola e de uma política que promova o plurilinguismo nas escolas públicas.
Em fevereiro de 2017, com a aprovação da Lei 13.415/2017, advinda da Medida Provisória 746/2016, passamos a vivenciar no Brasil e, de maneira particular, no nosso Estado, um esvaziamento do espaço das línguas em geral e do espanhol de maneira específica na escola pública. A referida lei, que altera a LDB, revogou a Lei 11.161/2005, que dispunha sobre a oferta obrigatória do ensino de língua espanhola na Educação Básica do país e impôs o ensino do inglês como a única língua estrangeira a ser ensinada obrigatoriamente na escola. Recentemente, com a última publicação da Base Nacional Comum Curricular, “documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” brasileira (MEC, 2017), verificamos que o discurso da pluralidade linguística nas escolas foi também invisibilizado. Há apenas espaço para o inglês.

Frente a este cenário de retrocesso no Ensino de Línguas no Estado do Rio Grande do Sul, em especial nas escolas públicas - pontuado também pelo Instituto Goethe, de Porto Alegre, a essa Casa Legislativa, à Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (CECDCT)1 - queremos aqui destacar pontualmente os argumentos favoráveis à manutenção da língua espanhola no quadro de disciplinas de oferta obrigatória, na expectativa de que os dados aqui elencados sirvam de embasamento para discussões mais amplas nesta casa, levando a uma possível reversão da atual situação.

Em primeiro lugar, é importante contextualizarmos o ensino de línguas estrangeiras no Brasil, lembrando que a oferta dessas línguas no sistema escolar brasileiro sempre esteve afetada pelos momentos políticos da nossa história, bem como da história mundial.
Na América do Sul, em especial, é conhecida a postura “de costas para países vizinhos” que o Brasil manteve ao longo de décadas, reforçando a imagem de uma ilha linguística. O fato de falar português contribuiu, na ótica de certas políticas nacionalistas, para que o Brasil não se integrasse à ideia de formação de uma identidade sul-americana. O mesmo, lamentavelmente, ocorreu a países vizinhos que, assim como o Brasil, viveram sob a regência de governos ditatoriais, cujo nacionalismo exacerbado, inclusive em termos linguísticos, tornou esses países isolados uns em relação aos outros. Com isso, por longo tempo, tanto o português quanto o espanhol como línguas estrangeiras foram pouco difundidos e raramente ofertados nas escolas e mesmo nos cursos livres.

No Brasil, tanto na Era Vargas quanto durante o período da ditadura militar, houve o silenciamento das línguas, quer fossem elas línguas nacionais, como as línguas indígenas, quer fossem línguas estrangeiras, quer fossem línguas de herança (a língua dos imigrantes), embora haja relatos de que Vargas e Perón teriam iniciado uma proposta de incluir língua portuguesa nas escolas argentinas e espanhol nas escolas brasileiras. Na era JK, também houve projeto de incluir o espanhol na escola pública, no entanto, em virtude das fortes relações e dos interesses comerciais com os EUA, o projeto não vingou.

Em termos de registro histórico, é importante ter em conta que, ainda nos anos 90, a política do monolinguismo, que historicamente dominou os países sul-americanos, deu lugar paulatinamente ao reconhecimento das outras línguas, iniciando-se novas formas de organização de sistemas escolares, considerando especificidades como a Educação Intercultural Bilíngue Indígena, a inclusão de Libras e de outras línguas da região, espanhol, português e, mais recentemente, o guarani nos sistemas educacionais dos países, especialmente naqueles que são membros plenos do Mercosul. A história das línguas no âmbito do Mercosul saiu então do binarismo português–espanhol e pouco a pouco foi se ampliando para a oferta de mais línguas segundas e estrangeiras na escola. Este quadro de ampliação e diversificação da oferta responde tanto ao que os organismos internacionais em prol da cultura e do respeito aos direitos civis apontam como também traz para nossa realidade a necessidade de uma política pública de oferta plurilíngue na escola.

Até hoje, o Brasil não reconhece oficialmente suas outras línguas nacionais, como é o caso das línguas indígenas, e só muito recentemente passou a dar o devido reconhecimento à Libras. Esse longo período, em que o português se tornou a única língua a ser aprendida e ensinada, construiu uma cultura monolíngue, ou seja, para o brasileiro, saber e aprender o português, a “única língua que se fala no país”, basta para que sejamos sujeitos no mundo, do mundo e com o mundo. Esta cultura teve impacto direto no ensino das línguas estrangeiras, contribuindo para sua pouca valorização na escola de educação básica. Enquanto em vários países do mundo se ofertam línguas estrangeiras desde os primeiros anos escolares no sistema público, o Brasil só possibilita o contato do aluno com as línguas estrangeiras a partir dos anos finais do ensino fundamental e, de modo predominante, a língua inglesa. Situação que a nova lei perpetua. Para aclarar um pouco mais este quadro, é significativo considerar que o Brasil ocupa, entre oitenta países, a quadragésima primeira colocação no ranking mundial em termos de proficiência em lingua estrangeira e, na América Latina, está atrás de países como Argentina, República Dominicana e Costa Rica, sendo classificado com proficiência baixa.
Referente à inclusão do ensino de espanhol no sistema escolar brasileiro, é importante considerar que ela ocorreu em um contexto singular, a partir da lei 11.161 de 2005. Por um lado, a inclusão do espanhol respondia aos protocolos de intenções e acordos no âmbito do Mercosul, uma vez que português e espanhol são oficializadas como línguas do bloco, a partir do Tratado de Assunção de 1991. Também respondia a uma série de convênios de cooperação firmados entre Brasil e Espanha. Por outro lado, decorre também de um momento no qual organismos internacionais como a ONU publicam declarações dos direitos à diversidade cultural e dos direitos linguísticos, muito em decorrência da escolha das diversas línguas oficiais e de trabalho na Comunidade Europeia.

Como consequência direta da aprovação da lei 11.161 de 2005, houve um intenso investimento governamental na criação de novas licenciaturas de língua espanhola pelo Brasil. No Estado do Rio Grande do Sul, a saber, houve a criação de Universidades com Cursos de Letras Espanhol como o da Unipampa e da Universidade Federal da Fronteira Sul, ambas na região da fronteira. Os Institutos Federais também investiram na criação de tais cursos. Com isso, ampliou-se consideravelmente o número de cursos e de professores. Vários municípios também realizaram investimentos na área, contratando novos professores e firmando parcerias com universidades para a criação de polos para a oferta de licenciaturas em Letras/Espanhol na modalidade a distância pelo Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). O Rio Grande do Sul, por sua vez, incorporou em seu quadro de pessoal centenas de professores de língua espanhola nos últimos concursos públicos e contratos temporários. Mesmo escolas particulares tiveram o interesse pela língua espanhola, aumentando sua oferta, criando-se novos postos de trabalho e sendo estabelecidos convênios e intercâmbios com escolas de países de língua espanhola. Para além disso e, talvez, mais importante, por tratar-se de projetos de vida, houve um acréscimo significativo de investimento pessoal na carreira de professor de espanhol - investimentos estes que se frustram com a revogação da lei. Nossas universidades ampliaram suas vagas, tanto na modalidade presencial como na educação a distância, formando-se, nestes anos de vigor da lei, um elevado número de novos profissionais que pautaram toda a sua formação e seus melhores esforços com vistas a um mercado de trabalho que ora se vê reduzido ou mesmo, em muitos lugares, extinto.

Temos, já, notícias concretas de escolas que, muito embora tenham professores de espanhol em seu quadro, estão reduzindo consideravelmente a carga horária da língua em favor do inglês, motivados pela Lei 13.415/2017. Entre os vários relatos que temos colecionado, podemos mencionar, a título de ilustração, que no sul do estado uma professora de língua espanhola foi obrigada a decidir entre assumir a disciplina em várias escolas, o que seria impraticável por conta dos múltiplos deslocamentos, ou dar aulas de Artes, disciplina para a qual não tem formação. No extremo norte, no princípio do ano, outra professora de espanhol foi surpreendida ao chegar à escola em que trabalhava e ver toda a sua carga horária substituída pelo inglês, alegando-se ter sido “ordem de cima”. E mais, descobriu que seria ela, sem qualquer formação na língua inglesa, que deveria ministrar as aulas. Ao se recusar, tentaram convencê-la a dar aulas de espanhol e registrar como inglês, proposta carente de legalidade que foi imediatamente recusada. A pressão sobre a professora foi tal que ela se exonerou e hoje atua em Santa Maria com ensino infantil, que corresponde a sua segunda formação como pedagoga. Estes são apenas dois casos dos inúmeros que nos chegaram até o momento, apesar da sinalização do Conselho Estadual de Educação de que o espanhol não deveria ser retirado da grade antes da conclusão dos debates sobre as OCNs (Parecer nº 02/2017 - Processo CEEd no 17/27.00/0000129-1).


Esclarecido todo o processo histórico e demonstrada a situação em que atualmente nos encontramos, destacamos, ainda, que:


1)         O espanhol é língua oficial em 21 países.

2)         O espanhol é a segunda língua mais utilizada na comunidade internacional.

3)         O espanhol é, em termos demográficos, a segunda língua mais falada no

mundo.

4)         As línguas oficiais do Mercosul são o português, o espanhol e o guarani.

5)         O Brasil faz fronteira com sete países que têm o espanhol como língua oficial.

6)         O Estado do Rio Grande do Sul faz fronteira com dois desses sete países.

7)         O Estado do Rio Grande do Sul tem cerca de 27 cidades que fazem fronteira com o Uruguai e com a Argentina.
8)         Em se tratando de política linguística e econômica, países desenvolvidos proporcionam oferta de espanhol em suas redes de ensino porque compreendem suas fronteiras como espaço fluido. Recentemente, a França abriu contratação de mil (1.000) vagas para professores de espanhol, sem contar que países como os Estados Unidos, em algumas regiões, podem ser visitados sem a necessidade do conhecimento do inglês. A língua estrangeira mais falada nos Estados Unidos, por conta da crescente imigração e da fronteira com o México, é o espanhol.

9)         A escola pública deve ser espaço plural e, portanto, deveria ofertar não apenas uma, mas várias línguas estrangeiras que levem em conta, principalmente, os contextos em que as escolas estão inseridas.
10)     Negar o espanhol como língua estrangeira na escola brasileira é ampliar a distância que existe entre “escola de rico” e “escola de pobre”, afinal, os alunos que tiverem acesso a melhores condições de ensino e à diversidade linguística terão, sem dúvida, mais condições de concorrer a vagas nesse mercado de trabalho cada vez mais concorrido, globalizado e intercultural.

Queremos deixar claro que somos favoráveis a uma mudança significativa no sistema de ensino do país, a fim de torná-lo um espaço cada vez mais propício à ampliação dos saberes dos alunos, cada vez mais digno como espaço de trabalho para profissionais da educação, cada vez mais inclusivo e plural. No entanto, defendemos que estas mudanças devem vir a partir de um diálogo respeitoso com os profissionais da área, com os alunos, com todas as comunidades envolvidas.

Diante de todo o exposto, conclamamos os deputados dessa comissão e os demais deputados dessa Casa Legislativa a juntarem-se a nós pela manutenção do espanhol na escola pública do Estado do Rio Grande do Sul, pela manutenção da escola como esse espaço de pluralidade de vozes e de encontro com o outro, a língua do outro, a cultura e a realidade do outro, o que tende a garantir a construção de uma sociedade mais tolerante e inclusiva.
Manter a língua espanhola como disciplina de oferta obrigatória na escola, seria um primeiro, ainda que pequeno passo para garantir a pluralidade linguística na escola, o que é defendida pelos grandes linguísticas de nosso nosso país e do mundo, para além de qualquer ideologia.

Certos de sua boa acolhida, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

Angelise Fagundes da Silva - Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS - Campus Cerro Largo)

Denise Perez Lacerda - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (Ifsul - Campus CAVG)

Elton Vergara Nunes - Universidade Federal de Pelotas (Ufpel)

Giane Rodrigues dos Santos - Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA - Campus Jaguarão)

Glenda Heller Cáceres - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS - Campus Bento Gonçalves)
Isaphi Marlene Jardim Alvarez - Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA - Campus Bagé)

Joselma Noal - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Marcus Vinicius Liessem Fontana - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Natalia Labella-Sánchez - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)



  
Assinam abaixo os representantes presentes à entrega deste documento em 27 de março de 2018.


Nota de Rodapé: 


Na Comissão de Educação, a deputada Juliana Brizola reafirmou a importância da pauta #FicaEspanhol


Na Comissão de Educação, a deputada Juliana Brizola reafirmou a importância da pauta #FicaEspanhol


Fonte: https://www.facebook.com/BrizolaJuliana12/posts/1184765561659695